Alterações do HIV no sangue

Alterações do HIV no sangue

Publicado: 21/05/2024


As alterações no sangue associadas ao HIV podem variar ao longo do tempo e dependem de vários fatores que podem incluir a fase da infecção e até mesmo a presença de outras condições médicas subjacentes. O tratamento contra o vírus da imunodeficiência humana também pode causar certas alterações sanguíneas. Continue a leitura deste artigo e entenda melhor as alterações do HIV no Sangue.

O HIV

O Vírus da Imunodeficiência Humana, ou HIV, é o nome dado a uma infecção sexualmente transmissível responsável por atacar o sistema imunológico da pessoa infectada. Uma vez dentro do corpo humano, o HIV ataca e destrói os linfócitos T CD4, que são células-chave do sistema imunológico responsáveis por coordenar a resposta imunológica contra infecções.

Isso enfraquece gradualmente o sistema imunológico, deixando a pessoa vulnerável a uma série de infecções oportunistas e doenças que um sistema imunológico saudável normalmente seria capaz de combater.

O Sangue

O sangue é um fluido vital de consistência líquida viscosa que circula pela extensa rede de artérias, veias e capilares do nosso organismo. Sua principal função é o transporte de oxigênio e nutrientes para os nossos órgãos. Além disso, ele leva embora tudo o que as células não precisam mais.

Estima-se que um homem adulto possui cerca de cinco litros de sangue em circulação, ou seja, aproximadamente 7% de seu peso.

Tipos de Sangue

Sangue Arterial

O sangue arterial é aquele rico em nutrientes e oxigênio, ele entrega tudo o que as células precisam.

Ele sai do coração com alta pressão, todo oxigenado, viaja pelas avenidas rápidas das artérias (grandes artérias) e vai circulando por ruas cada vez menores (arteríolas) até entregar ” a encomenda ” para cada célula do corpo.

Sua cor é de um vermelho mais vivo, intenso. A pulsação que sentimos no pescoço, punhos e vários outros lugares, é a passagem desse sangue nessas vias, sendo bombeado pelo coração.

Sangue Venoso

Sangue rico em material que as células não necessitam. Até mesmo substâncias tóxicas produzidas a partir do metabolismo das células.

O sangue venoso passa como um lixeiro recolhendo todo este material das células e levando até locais onde serão processados ou eliminados.

Esse sangue viaja desde ruas muito estreitas (vênulas) de forma mais lenta, recolhendo todo aquele material das células e levando até grandes vias de escoamento (grandes veias).

Sua cor é de um vermelho mais escuro, e não sentimos a sua pulsação.

Componentes do sangue

  • Glóbulos vermelhos = levam oxigênio até os tecidos e recolhe cO2 das células;
  • Glóbulos brancos ou leucócitos (compostos pelos Neutrófilos, Linfócitos e eosinófilos) = são células de defesa;
  • Plaquetas (células que ajudam na coagulação do sangue, ou seja, interrompem sangramentos e ajudam na cicatrização);
  • Plasma (líquido no qual estas células ficam imersas).

As células do sangue são produzidas na medula óssea, que fica no meio dos ossos longos como externo e fêmur.

A diminuição de todas as células do sangue é algo muito frequente em pacientes na fase AIDS. Diminuição das células brancas podem significar imunidade baixa e pode estar relacionado ao HIV.

Mas o paciente com HIV pode estar na fase AIDS, sem apresentar estas alterações no sangue. Isso pode ocorrer por 2 motivos, sendo eles:

  • Uma série de célula compensa a outra;
  • O número de células pode parecer normal mas a qualidade delas está comprometida;

Existem várias alterações no sangue que podem estar presentes no paciente que vive com HIV, mesmo com a imunidade boa.

Neutropenia

Neutrófilo é uma das células brancas do sangue Causas de neutropenia em paciente com HIV:

  • Infiltração e Inflamação do Vírus HIV na medula óssea;
  • Remédios usados para o tratamento do HIV (Zidovudina) ou de infecções oportunistas (Sulfametoxazol/Trimetoprima, Ganciclovir, etc);
  • Neoplasias hematológicas – câncer no sangue (linfomas);
  • Infecções Oportunistas (Tuberculose, Mycobacterium avium complex – MAC, Histoplasma capsulatum, Citomegalovírus – CMV);
  • Infecções comumente coexistentes com o HIV: Vírus Epstein-Barr – EBV, Dengue, Hepatite A, Hepatite B, Hepatite C, Parvovírus B19, Rickettsia , Salmonelose, Leishmaniose e Brucelose.

Anemia

É a diminuição do número de células vermelhas (hemácias) ou hemoglobina (proteína que constitui as hemácias).

Fatores de risco para o desenvolvimento de anemia em pacientes vivendo com HIV:

  • Número de linfócitos CD4 < 200/microL;
  • Níveis de Vírus no sangue maior que 50.000 cópias/ml;
  • Uso da Zidovudina por mais de 6 meses.

Causas de anemia em pacientes vivendo com HIV

  • Infiltração e Inflamação do Vírus HIV na medula óssea;
  • Remédios usados para o tratamento do HIV (Zidovudina, estavudina, lamivudina);
  • Remédios usados para o tratamento de infecções oportunistas (Sulfametoxazol/Trimetoprima, Ganciclovir, etc);
  • Hemólise (rompimento de hemácias) mediada por drogas (dapsona, primaquina, ribavirina);
  • Desnutrição;
  • Deficiências vitamínicas como Vitamina B12, Ferro e ácido fólico (por baixa ingesta ou má absorção intestinal);
  • Infecções virais (Vírus Epstein-Barr – EBV, Citomegalovírus – CMV, Parvovírus B19);
  • Infecções bacterianas: Penicillium marneffei, Pneumocystis jiroveci;
  • Infecções fúngicas: Cryptococcus neoformans, Mycobacterium avium complex (MAC), M. tuberculosis, Histoplasma capsulatum;
  • Outras infecções: Malária, Parasitose Intestinal, Leishmaniose Visceral;
  • Doenças hematológicas;
  • Neoplasias hematológicas (câncer no sangue);
  • Hemólise;
  • Microangiopatia;
  • Alterações hormonais (hipogonadismo);
  • Presença de anticorpos anti células vermelhas (hemácias);
  • Microangiopatias (púrpura trombocitopênica, síndrome hemolítico urêmica, drogas indutoras de microangiopatia trombótica, coagulação intracelular disseminada);
  • Insuficiência renal crônica.

Normalmente, existem vários fatores causadores de anemia em pacientes com HIV

Tratamento

Está diretamente relacionado com a causa, por isso, apenas após uma avaliação médica os meios de tratamento serão validados.

Trombocitopenia (plaquetopenia)

(Queda de plaquetas) * Valor normal: > 150.000

O risco de plaquetas baixas aumenta quanto menor a imunidade.

Incidência de plaquetopenia em paciente com CD4 entre 200 e 500 = 8%
Incidência de plaquetopenia em pacientes com CD4 < 200 = 30%

Plaquetopenia também pode ser um dos primeiros sinais no paciente com HIV, aparecendo na fase inicial. Na fase de síndrome retroviral aguda, geralmente é transitória. O número se recupera após melhora dos sintomas.

O que aumenta o risco de plaquetopenia:

Pacientes com alta carga viral no sangue;
Pacientes coinfectados com hepatites virais crônicas, como a hepatite B e hepatite C.

Tratamento

  • Tratamento com antirretrovirais, abaixando a carga viral no sangue;
  • Corticoides;
  • Imunoglobulinas;
  • Dapsona;
  • Interferon;
  • Esplenectomia (cirurgia para retirada do baço).

Trombose (Entupimento de vasos sanguíneos)

Fatores que aumentam o risco:

  • Idade maior de 45 anos;
  • Internação Hospitalar recente;
  • Diagnóstico recente de retinite por Citomegalovírus ou outra infecção oportunista;
  • Uso de acesso venoso central;
  • CD4 baixo;
  • Carga Viral do HIV elevada no sangue;
  • Colesterol alterado;
  • Portadores de doenças auto-imunes como Lúpus Eritematoso sistêmico ou anemia hemolítica autoimune;
  • Portadores de doenças que cursam com deficiência de fatores da coagulação no sangue;
  • Portadores de microangiopatia trombótica.

Tratamento:

Se você é portador do vírus HIV não deixe de realizar check ups com seu infectologista de confiança. Caso você suspeite da condição, mas não tenha um diagnóstico, busque ajuda médica o quanto antes.

Fontes:

Artigo Publicado em: 17 de maio de 2018 e Atualizado em: 21 de maio de 2024

0 comentários em “Alterações do HIV no sangue”

  1. Flavia disse:

    Tive exposição ao risco. Exatos 5 dias depois comecei com uma faringite que durou duas semanas. Isso pode ser sintoma da fase aguda?

    1. mesmo se tivesse se infectado pelo HIV nessa referida exposição, não pareceriam sintomas de fase aguda tão rápido.

      Sugiro que procure um médico Infectologista de sua confiança para te avaliar pessoalmente e solicitar todos os exames cabíveis para o seu caso.

  2. Carlos disse:

    Exame de 4 geração feito em local seguro com 87 dias de exposição ao risco, pode se descartar a infecção pelo hiv ?

  3. Anonima2 disse:

    Dra. o rapaz q fiz sexo oral e ejaculou na minha boca, fez teste rapido d hepatites sifilis e hiv, no cta, com 75, 109 e 120 dias tudo negativo. Eu fiz teste d hiv 4 geração no laboratorio com 88 dias negativo tb, agora com seis meses notei um carocinho na minha virilha, e nao tive mais nenhum tipo de exposiçao de risco desde aquele sexo oral, isso pode ser risco de hiv ainda? ou pode ser outra coisa, acredito que o hiv ja tenha sido descartado, minha tosse, sinusite persistem e agora essa ingua

    1. SE a pessoa com quem se expôs não tinha o vírus no momento da exposição, não tem como ela ter transmitido para você.

  4. Flavia disse:

    Dra keilla, seu trabalho é fantástico e sua disposição em sanar nossas dúvidas é admirável. Estou com a seguinte questão, considerei que fui exposta ao risco em 26/04, comecei com faringite, dor no corpo, sem febre e sem ínguas, alguns dias depois. Fiz o exame dia 26/05, não reagente. Descarto a possibilidade ou repito daqui 30 dias.?Se já tive os sintomas se eles estivessem relacionados a uma possível infecção pelo virus, o exame detectaria, correto?

  5. Flávia disse:

    Doutora tive uma relação em 2013 se tivesse com hiv já tinha sentindo algum sintoma ? Por que tomei um remédio de depressão fiquei com a minha língua branca e parei com o remédio e continua mas tô muito estressada por outros problemas. Obrigada desde ja

    1. Uma pessoa pode ter HIV por muitos anos e inclusive estar na fase AIDS sem apresentar sintoma algum. Além disso, nessa situação isso não necessariamente irá aparecer em exames de rotina.
      A única forma de saber isso é fazendo o teste específico.

  6. Alexandre disse:

    Doutora, parabéns pelo ótimo trabalho. Eu tive uma relação de alto risco há uns dez anos (profissional do sexo, o preservativo escapou), três meses depois eu fiz o teste e deu não reagente. Porém, agora, tenho tido vários problemas de saúde, que iniciaram há uns três meses, como candidíase oral, ínguas no corpo inteiro, alterações oculares, cansaço, falta de apetite, alterações intestinais, dores abdominais. Fiz o teste e deu não reagente, porém meus linfócitos caíram quase pela metade de 2 anos

    1. Você precisa ser avaliado pessoalmente por um médico infectologista de sua confiança para te avaliar assim como os seus exames e verificar a necessidade de realizar exames mais específicos afim de entender o que está ocorrendo contigo.

  7. Diva disse:

    Dr. Keilla, o resultado do hemograma completo de uma pessoa estando nos valores normais, é possível essa pessoa ter HIV ou AIDS? O resultado teria alterações ou não necessariamente???

    1. Um exame de hemograma normal não exclui o diagnóstico de HIV. É necessário fazer o exame específico.

  8. Miguel disse:

    Tive uma relação de risco em Setembro de 2018. Entretanto em Maio de 2019 foi detetada uma queda abrupta no número de plaquetas, chegando aos 6 mil e sem qualquer resposta a corticoides nem a imonuglubulinas. Realizei vários exames enquanto internado, inclusive o de HIV que resultou em não reagente. Ainda assim, a Dra acha que pode ser necessário um segundo exame por haver alguma hipótese de o primeiro, apesar de 7/8 meses após a relação de risco, não ter manifestado nada?

    1. Pode-se descartar infecção pelo HIV.

  9. Lucas Martins disse:

    Dra é possível se contaminar por escova de dente ? Desconfio que um amigo usou minha escova de dente e umas 3 horas depois usei a mesma e minha gengiva sangrou. Corro risco de pegar hiv ?

  10. Lucas Martins disse:

    Dra é possível se contaminar por escova de dente ? Desconfio que um amigo usou minha escova de dente e umas 3 horas depois usei a mesma e minha gengiva sangrou. Corro risco de pegar hiv ? Me responda Dra

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *