
Pessoa Colonizada por Bactérias Resistentes é um Risco aos Familiares?
Publicado: 27/02/2024
Publicado: 27/02/2024
Quando uma pessoa está internada no hospital e chega a notícia de que está colonizada por Bactérias Resistentes, da noite para o dia, os profissionais da saúde que antes entravam no quarto com suas roupas normais de trabalho (seja roupa privativa ou jalecos) higienizando as mãos com água e sabão ou álcool em gel, passam a se paramentar com aventais e luvas, o paciente passar a ter várias restrições para sair do quarto e para um leigo pode se dar a impressão de que o paciente está com um problema muito grave e altamente contagiante.
Apesar disso, estar colonizado por bactéria multirresistente não necessariamente torna a pessoa doente por causa disso.
A primeira coisa que deve ficar claro é que todo mundo está cheio de micro-organismos vivendo em seu corpo o tempo todo e em várias partes dele. O que vai mudar entre outras coisas é o perfil de sensibilidade desses microrganismos, ou seja, se morre com um antibiótico que deveria matá-la ou não.
Apesar de falarmos quase que exclusivamente sobre bactérias, justamente por serem os microrganismos que mais frequentemente causam problemas, existem outros microrganismos como fungos aos quais podemos atribuir situações e problemas similares.
Uma infinidade de bactérias e fungos colonizam habitualmente várias partes de nosso corpo, interna e externamente. Algumas, por exemplo, ajudam na manutenção do bom funcionamento do nosso corpo como a microbiota habitual do intestino. Outras vivem a vida delas sem nos causar maiores problemas, especialmente as que estabelecem residência em partes do corpo, como a pele e mucosas como genitais, região anal, oral e o trato respiratório.
Colonização por bactéria significa que a bactéria está vivendo a vida dela sem causar problemas à nossa saúde. Porém, se ocorre alguma quebra de barreira ( uma porta de entrada para uma bactéria que vive no exterior de nosso corpo como a pele, entrar em nosso organismo), desequilíbrio da flora ou queda de imunidade a bactéria que antes apenas colonizava pode causar infecções.
As bactérias que habitualmente colonizam nosso corpo podem ter diferentes perfis de sensibilidade aos antibióticos. Esse perfil de sensibilidade determina qual antibiótico poderá ser usado caso em algum momento esta pessoa tenha alguma infecção ocasionada por estas bactérias que antes apenas a colonizava.
Pessoas submetidas a cuidados de saúde constantes dentro de hospitais, instituições de longa permanência ou mesmo em cuidados de saúde domiciliar podem ser mais suscetíveis a esse tipo de problema.
O que torna o ambiente hospitalar propício para a disseminação de infecções é a grande concentração de micro-organismos de todos os tipos, a grande concentração de bactérias resistentes a antibióticos (devido justamente ao grande volume de uso de antibióticos), a grande concentração de pessoas imunodeprimidas (com imunidade baixa) e muitos pacientes com dispositivos que facilitam a entrada de micro-organismos no corpo com sondas, drenos e cateteres.
Sempre que um antibiótico é usado, independente de ter sido bem indicado ou não, existe o risco de uma série de situações:
As bactérias resistentes são aquelas que desenvolveram a capacidade de resistir aos efeitos dos antibióticos, tornando-se não suscetíveis ao tratamento com esses medicamentos.
Isso ocorre especialmente ao expor as bactérias a um antibiótico e quanto maior o tempo de exposição a antibióticos maior a chance disso ocorrer.
As bactérias gram negativas, são um tipo de bactérias que em especial, têm a habilidade não apenas de passar a resistência desenvolvida para seus descendentes, mas para outras bactérias próximas.
O fato é que não estamos conseguindo desenvolver novos antibióticos tão rápido quanto as bactérias conseguem desenvolver mecanismos de resistência.
Ser uma superbactéria não significa ter maior capacidade de transmissão, causar infecções mais graves ou ter que tomar antibiótico por mais tempo para poder eliminá-la.
De fato o que vemos é que bactérias mais resistentes costumam ser menos patogênicas, tendo uma maior capacidade de causar infecção principalmente em pessoas com imunidades mais baixas.
Ser uma superbactéria significa sobretudo que não é qualquer antibiótico que conseguirá matá-la e isso implica muitas vezes termos que lançar mão de medicamentos mais tóxicos, mais caros e na grande maioria das vezes, apenas de infusão endovenosa.
Embora uma pessoa colonizada por bactérias resistentes possa não apresentar sintomas, ela pode servir como uma fonte de transmissão dessas bactérias para outras pessoas, especialmente se medidas adequadas de isolamento não forem tomadas.
Isso é especialmente importante em um ambiente hospitalar devido à alta concentração de pessoas com imunidade baixa e dispositivos invasivos.
Os cuidados de isolamento tomados em hospitais para pessoas colonizadas por bactérias resistentes em geral não precisam ser tomadas em casa. Estas pessoas só estarão colocando seus familiares ou demais contatos domiciliares em risco se estiverem em uma situação atual similar às que encontramos nos hospitais.
Então, salvo excepcionais exceções, quando uma pessoa colonizada por uma bactéria resistente chega em casa, não é necessário realizar medidas como separação de banheiros, talheres ou roupas. Assim como quando vamos visitar ou cuidar de alguém em internação hospitalar nestas condições, não precisamos sair do hospital e tomar qualquer cuidado especial com nossas roupas quando chegamos em casa.
No entanto, o aumento do número de bactérias resistentes é muito ruim para a comunidade como um todo, por tornar infecções mais difíceis de tratar.
Se você deseja saber mais sobre as bactérias resistentes e sua colonização, não deixe de procurar um médico infectologista de sua confiança.
E também assista ao vídeo, para saber mais:
Artigo Publicado em: 28 de mar de 2018 e Atualizado em: 27 de fev de 2024
No exame de urina acusou a bactéria klebsiella.O contato com hospital foi há dois anos atrás numa cirurgia de prótese de joelho que transcorreu sem infecção e não foi detectada nenhuma bactéria .Ela pode ter ficado incubada e por baixa imunidade aparecido tanto tempo depois? Preocupação com a família ,medo de contaminar as pessoas está me deixando preocupada.
Infecção por esta bactéria, não necessariamente significa infecção hospitalar. Não tem porque se preocupar com transmissão a familiares.
Tratei uma infecção de urina causada pela KLEBSIELLA PNEUMONIAE com o antibiótico Quinoflox. Fiz o exame de urina novamente e apareceu ela novamente. O único sintoma que sinto é a urina fétida demais. Estou com medo de ser a KPC. O único contato recente que tive com hospital foi na emergência por conta de uma infecção alimentar. Será que algum antibiótico vai curar isso? Devo me preocupar?
Obrigada.
sugiro que procure um médico infectologista para avaliar a indicação de tratamento e o perfil de sensibilidade dessa bactéria.