
Amigdalite: Como Saber se é Viral ou Bacteriana
Publicado: 18/04/2023
Publicado: 18/04/2023
As dores de garganta são condições comuns que podem afetar pessoas de qualquer idade, desde crianças até adultos e idosos. A grande maioria desses quadros é causada pela inflamação das amídalas, conhecida popularmente como amigdalite.
Essa doença na maioria das vezes não apresenta grande gravidade, ainda assim o diagnóstico assertivo é fundamental para o melhor tipo de tratamento e evitar complicações. Continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre a amigdalite e como saber se a condição é viral ou bacteriana.
Amigdalite é o nome dado a uma condição inflamatória que ocorre nas amígdalas. Também chamados de tonsilas, essa região é formada por um conjunto de tecidos linfóides e se localiza em ambas as laterais da boca entre os intervalos dos arcos palatinos.
A condição é considerada como contagiosa, uma vez que pode ser disseminada por meio do contato com gotículas respiratórias contaminadas. É por isso, que muitas vezes a dor de garganta atinge mais de um membro da família ou até mesmo mais de uma criança em sala de aula.
A inflamação das amígdalas pode ser derivada de agentes como:
Cada um deles pode causar sintomas distintos e necessitar de tratamentos específicos para que a inflamação suma.
Entre as amigdalites bacterianas a de maior importância é a estreptocócica. Ela é causada pela bactéria Streptococcus pyogenes beta hemolítico do grupo A, e caso não tratada adequadamente pode dar origem a problemas sérios e graves sequelas como inflamação do coração, rim ou quadros neurológicos.
Existem alguns sintomas como os mencionados acima, que caso estejam associados aos sintomas locais ou especialmente antecedam imediatamente os sintomas locais, fala-se a favor de uma etiologia viral.
No entanto, a ausência desses sinais não exclui etiologia viral e sua presença não a confirma.
Por outro lado, do ponto de vista dos sintomas locais, ambas podem ser exatamente iguais e mesmo ao exame físico de orofaringe, no início do quadro a apresentação das etiologias podem ser similares.
Na prática, pensamos em etiologia bacteriana mediante a presença de placas brancas nas amígdalas. Porém um vírus em específico pode mostrar-se ao exame físico exatamente igual a uma amigdalite bacteriana, o vírus Epstein Barr, causador da mononucleose (saiba mais detalhes dessa doença aqui)
O Tratamento varia conforme a causa.
Para as causas virais, na grande maioria das vezes não tem indicação de tratamento específico.
O tratamento é suportivo, sintomático com hidratação e dieta leve
Os quadros são autolimitados, ou seja, resolvem-se sozinhos, geralmente após 5 dias de evolução.
Deve-se evitar tratar amigdalite viral com antibióticos
Tratar uma amigdalite viral com antibióticos, não apenas não resolve o problema como pode criar problemas maiores:
Já os quadros bacterianos, além dos tratamentos já previstos nas causas virais, o antibiótico deve ser iniciado tão logo pense nessa etiologia.
O tratamento antibiótico é empírico, ou seja, conforme as principais bactérias que geralmente causam este tipo de quadro. Porém, é fundamental descartar o Streptococcus Pyogenes como causa, pois com esta etiologia o tratamento deve ser específico para evitar complicações como a Febre Reumática.
Na Dúvida, ou na indisponibilidade de um teste rápido, deve-se tratar os quadros de amigdalite bacteriana com penicilina benzatina injetável (Benzetacil) ou outros antibióticos do grupo das penicilinas como primeira escolha, especialmente em crianças, quando esta etiologia é ainda mais comum
Em caso de alergia às penicilinas considerar antibióticos do tipo das cefalosporinas ou macrolídeos.
É preciso ficar atento à evolução do quadro pois amigdalites inicialmente de aspecto viral frequentemente evoluem para quadros bacterianos, seja porque no início do quadro ainda não apareciam os sinais mais sugestivos de amigdalite bacteriana, ou porque a etiologia inicial era realmente viral, mas com a inflamação local e queda da imunidade causados pelo quadro levou a um ambiente propício para a instalação e propagação bacteriana
Pela proximidade anatômica dessas estruturas, o acometimento dessas outras áreas inicialmente ou ao longo de sua evolução pode ser considerada menos que uma complicação mas parte da evolução natural ou uma forma de apresentação.
Os sintomas não variam muito exceto pela potencial intensidade dos meses. O exame físico identifica alterações inflamatórias dessas estruturas e o tratamento também não muda.
Complicação comum especialmente em crianças. Isso pode ocorrer independente da etiologia (ou seja, do agente causador)
A dor e dificuldade para engolir leva a uma diminuição da ingesta hídrica associada a um quadro infeccioso, febre, sudorese que leva a um aumento do gasto hídrico pelo organismo.
Causado pelo Streptococcus pyogenes beta hemolítico do grupo A
Quadro ocorre de 2 a 4 semanas após o episódio da amigdalite
Manifestação valvular crônica da Febre reumática
A inflamação cardíaca da Febre reumática afeta as válvulas do coração (válvula mitral é a comumente mais afetada) levando a regurgitação ou estenose (redução da seu diâmetro)
Também causada pelo Streptococcus pyogenes beta hemolítico do grupo A
Ocorre de 1 a 3 semanas após o quadro da faringoamigdalite ou infecção cutânea por este mesmo agente
Abscesso amigdaliano é uma complicação não tão rara nos quadros de amigdalite bacteriana.
O doente não necessariamente precisa ter qualquer condição médica prévia para ter esta evolução.
É atualmente uma das principais causas de amigdalectomia, já que a retirada das amígdalas por quadros de amigdalite de repetição atualmente não é mais tão utilizado.
O tratamento do abscesso amigdaliano passa pela drenagem cirúrgica do abscesso, oportunidade em que coleta-se também o material para cultura na tentativa de isolar o agente infeccioso, independente do uso prévio de antibióticos.
inflamação dos ouvidos
É a inflamação de causa infecciosa bacteriana das células aéreas da mastóide, que normalmente ocorre após otite média aguda.
Este procedimento não é mais tão utilizado hoje em dia como o era há algumas décadas, viu-se que em muitas ocasiões, retirar as amígdalas não cessavam as crises de amigdalite, apenas mudaram o seu local. As pessoas passaram a ter faringite no lugar da amigdalite.
É por isso que a indicação clássica da amigdalectomia é para tratamento de abscesso amigdaliano, mas existem outras situações na qual este procedimento pode ser considerado: