
Criptococose em Pessoas com HIV
Publicado: 06/08/2024
Publicado: 06/08/2024
Criptococose. Não é novidade para ninguém que a grande maioria das pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV cerca de 99% das pessoas, caso não inicie um tratamento adequado acaba inevitavelmente chegando à fase AIDS da Infecção, fase na qual o sistema imunológico encontra-se tão debilitado que a pessoa torna-se mais suscetível a desenvolver uma variedade de doenças bastante graves especialmente as chamadas infecções oportunistas.
A criptococose por exemplo é uma infecção que se destaca como uma das principais causas de morbidade e mortalidade em portadores de HIV, principalmente em regiões com recursos médicos limitados. Continue a leitura deste artigo e conheça mais sobre a Criptococose em Pessoas com HIV.
O HIV é uma infecção sexualmente transmissível causada pelo vírus da imunodeficiência humana que é capaz de se desenvolver para a AIDS caso não tratada adequadamente. A condição é conhecida por atacar o sistema imunológico, especificamente as células CD4 +, que são cruciais para a resposta imune do corpo.
Com o tempo, a destruição dessas células enfraquece o sistema imunológico, deixando o corpo vulnerável a infecções oportunistas e certos tipos de câncer.
A criptococose é uma infecção fúngica considerada grave, causada pelas espécies Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii. Ela é uma infecção global, com maior incidência em regiões tropicais e subtropicais. A prevalência é particularmente alta em áreas da África Subsaariana, Sudeste Asiático e América Latina.
Estima-se que, anualmente, ocorrem cerca de um milhão de casos de meningite criptocócica no mundo, resultando em aproximadamente 181.000 mortes, a maioria das quais ocorre em indivíduos com HIV/AIDS. mas o criptococose não ataca somente o cérebro.
O fungo pode ser encontrado em solo contaminado com fezes de aves, principalmente pombos, por isso muitas pessoas associam a criptococose à doença do pombo, mas na verdade outras aves como galinhas e pardais também podem transmitir, Matéria orgânica em decomposição como Madeira apodrecida, frutas caídas, etc. e Algumas espécies de árvores, como eucaliptos, podem abrigar o Cryptococcus gattii.
A infecção pelo criptococo pode ocorrer de duas formas:
Em pacientes com imunossupressão grave como aqueles em fase AIDS da infecção pelo HIV, a disseminação da infecção fúngica ocorre com maior facilidade levando às manifestações das mais diversas:
PULMONAR
A criptococose pulmonar é frequentemente confundida com outras infecções respiratórias, uma vez que manifesta sintomas como tosse, falta de ar, febre e dor torácica. Essa é a forma mais comum de apresentação da criptococose em pessoas com imunidade normal, porém nelas este quadro costuma se apresentar de forma leve e insidiosa ou mesmo assintomática
CUTÂNEA
As lesões da manifestação cutânea da criptococose secundária são aquelas que ocorrem quando a pessoa se infecta pelo criptococo pelos pulmões e de lá chega à pele pela via circulatória. Elas podem se apresentar como uma celulite que é a inflamação do tecido subcutâneo, que pode causar vermelhidão, inchaço e dor, abscessos como acúmulo de pus abaixo da pele ou Crostas com formações secas e endurecidas que se formam sobre as lesões.
MENÍNGEA
É a forma mais devastadora da doença causada quando o fungo atinge o sistema nervoso central causando meningite, com cefaleia intensa, febre alta, rigidez no pescoço,. náuseas, vômitos, e alterações neurológicas como confusão mental, letargia e coma.
DISSEMINADA
Ocorre quando a infecção se espalha pelo sangue com o fungo alojando-se em vários órgãos ao mesmo tempo. Os sintomas variam de acordo com o órgão afetado.
Apesar de ser menos comum, a infecção pode afetar outros órgãos como, ossos, olhos, trato urinário ou mesmo a próstata. Quando a doença extrapulmonar não envolve o sistema nervoso central pode ser subdiagnosticada devido à sobreposição de sintomas com outras infecções oportunistas.
O diagnóstico precoce e preciso da criptococose é crucial para melhorar o prognóstico dos pacientes infectados pelo fungo.
Os exames necessários para o diagnóstico podem variar conforme a apresentação
Mas independente do local afetado o diagnóstico de certeza é feito através da microbiologia com exames que identificam o organismo em si, como culturas, teste moleculares identificando o material genético do fungo ou teste de identificação de antígenos que são proteínas de fungos. todos estes testes podem ser feitos dos mais variados materiais coletados diretamente da lesão como biópsias de pele, biópsias de pulmão escarro, sangue ou líquido cefalorraquídeo.
Com os resultados em mãos é possível definir qual meio de tratamento será mais eficaz para cada paciente. Nos casos de pessoas com HIV, com neurocriptococose (criptococose no sistema nervoso central que ainda não iniciaram o tratamento antirretroviral. o início da terapia específica do HIV pode ser postergada para um segundo momento, para evitar a síndrome de reconstituição imune com um quadro inflamatório que pode ser avassalador e de difícil controle. O tratamento da criptococose é feito com antifúngicos específicos por longos períodos divididos em fases. A terapia antifúngica de indução, seguida pela consolidação e depois a manutenção. Confira mais sobre cada uma dessas fases a seguir:
A terapia antifúngica de indução geralmente envolve a combinação de anfotericina B e flucitosina por duas semanas. Em casos onde a flucitosina não está disponível, a monoterapia com anfotericina B ou a combinação com fluconazol pode ser usada.
Logo após a fase de indução, o tratamento continua com fluconazol em dose elevada por mais oito semanas.
Para prevenir a recorrência, o fluconazol em dose baixa é mantido por pelo menos um ano, ou até uma recuperação imunológica significativa por parte do paciente.
A prevenção da criptococose é fundamental especialmente em pessoas com alto risco, como por exemplo portadoras de HIV/AIDS, pacientes com doenças hematológicas, em tratamento com corticoides ou transplantados.
As principais formas de prevenção contra essa infecção fúngica são evitar áreas contaminadas com fezes de aves ou com materiais em decomposição, realizar a profilaxia com fluconazol de acordo com prescrição do seu médico e manter a supressão viral e a recuperação imunológica.
O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a prevenção são fundamentais para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes afetados. Para mais informações, não deixe de buscar ajuda de um profissional qualificado para atendimento.