
HIV – Carga Viral Detectável Mesmo com o Tratamento
Publicado: 05/11/2024
Publicado: 05/11/2024
O HIV é um dos maiores desafios de saúde pública global da atualidade. Desde a sua descoberta na década de 1980, esforços significativos foram feitos para entender, tratar e controlar a infecção. Com os esquemas antivirais atuais, praticamente todas as pessoas que seguem o tratamento contínuo adequado alcançam uma carga viral suprimida.
No entanto, uma questão que ainda preocupa é a ocorrência de carga viral detectável mesmo em pessoas que estão em tratamento. Mas por que isso acontece? O que fazer ? Que atitude devemos tomar com o parceiro ou parceira especialmente em casais sorodiferentes? Quando um paciente em tratamento com carga viral detectável tem que se preocupar?
Conhecido popularmente como HIV, o vírus da imunodeficiência humana é uma infecção sexualmente transmissível bastante conhecida em todo o mundo. Apesar disso, ainda existem diversos tabus que fazem com que ela não seja corretamente diagnosticada, levando uma parte considerável dos pacientes a estágios mais graves e até mesmo a morte.
A condição é responsável por afetar diretamente o sistema imunológico de uma pessoa, tornando-a mais suscetível a desenvolver diversos tipos de infecções. O HIV é transmitido por meio de fluidos corporais como sangue, sêmen, fluidos vaginais e leite materno.
Embora ainda não haja cura, a terapia antirretroviral (TARV) é altamente eficaz no controle do vírus. Quando usada corretamente, a TARV pode reduzir a carga viral a níveis indetectáveis, prevenindo a progressão para AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), diminuindo o processo inflamatório generalizado causado pelo vírus e impossibilitando a transmissão do vírus a outras pessoas pela via sexual
O termo carga viral do HIV refere-se à quantidade de vírus circulando no sangue da pessoa. A principal meta do tratamento antirretroviral é reduzir essa carga viral a níveis indetectáveis. Mais precisamente abaixo de 50 cópias de vírus por ml de sangue
Pessoas em tratamento continuo mantendo carga viral indetectável há mais de 6 meses são incapazes de transmitir o vírus durante relações sexuais desprotegidas, ou seja, sem o uso de preservativos.
O tratamento, denominado TARV, consiste em uma combinação de medicamentos que impedem a replicação do vírus em diferentes estágios de seu ciclo de vida.
Ter uma carga viral detectável em vigência do tratamento é uma notícia que nenhum paciente vivendo com HIV quer ter, mas isso não necessariamente significa falha do tratamento. Em muitos casos, uma carga viral detectável de baixa viremia é temporária e na seguinte coleta já está indetectável
Contudo, uma carga viral persistentemente detectável acima de 1.000 cópias pode ter várias implicações sérias:
Se mesmo com o tratamento adequado você notar níveis detectáveis do vírus no organismo a partir de exames, não se desespere, é preciso entender qual a causa da detectabilidade do vírus
No contexto do tratamento do HIV, um “bleep viral” significa um aumento transitório e isolado na carga viral É sempre de baixa viremia, ou seja, carga viral entre 50 e 200 e transitório, ou seja, pouco tempo depois a carga viral volta a ficar indetectável naturalmente, ou seja, sem qualquer intervenção.
Os bleeps são relativamente comuns e não indicam falha de tratamento de nenhuma maneira. Tampouco configuram risco de transmissão ao parceiro ou parceira pela via sexual sem preservativo. Ou seja, mesmo que você tenha acabado de ter relação sexual com seu parceiro ou parceira sem preservativo, faça um teste de carga viral no dia seguinte e este venha com um bleep viral, você não colocou seu parceiro em risco.
Por que ocorre o Bleep viral ?
Alguns pacientes vivendo com HIV podem apresentar carga viral detectável de baixa viremia em mais de uma amostra coletadas com pelo menos 1 mês entre elas.
Alguns estudos definem baixa viremia como a carga viral no sangue entre 50 e 200 cópias, já outros estudos definem baixa viremia como abaixo de 1.000 cópias.
Independente desses 2 parâmetros, a organização mundial da saúde considera uma pessoa com carga viral abaixo de 1.000 cópias como supressão viral, inclusive com baixíssimo risco de transmissão.
Causas de baixa viremia persistente:
>>A carga viral detectável persistente de baixa viremia não significa necessariamente falha no tratamento, mas requer investigação e acompanhamento médico cuidadoso.
Temos 2 situações que consideramos falha virológica ou falha terapêutica:
Causas de falha virológica:
Os 2 principais motivos para a falha virológica são Resistência viral e abandono de tratamento.
Outros fatores já mencionados como causa de baixa viremia persistente podem de forma mais rara levar a uma falha virológica com uma maior carga viral desde que estas causas sejam mais intensas, mas geralmente essas outras causas só conseguem levar a uma viremia mais alta quando uma baixa viremia persistente inicial acaba por levar à mutação viral e criação de resistência.
Avaliar cuidadosamente cada fator que pode estar contribuindo para esta viremia. é muito comum existir mais de uma causa e nem sempre é possível identificar a importância que alguns fatores têm nesse quadro
Verificar se o paciente está tomando os medicamentos corretamente e se há barreiras à adesão, como efeitos colaterais, dificuldades financeiras ou problemas de saúde mental.
Realizar testes de resistência genotípica para identificar se o vírus desenvolveu resistência a algum dos medicamentos usados e, se necessário, ajustar o regime terapêutico.
Com base nos resultados dos testes de resistência e na revisão da adesão, os médicos podem ajustar o regime antirretroviral para incluir medicamentos mais eficazes.
Fornecer educação contínua sobre a importância da adesão ao tratamento e oferecer suportes emocional e psicológico para ajudar a superar qualquer barreira que o paciente possa enfrentar.
Monitorar regularmente a carga viral e o estado imunológico do paciente para avaliar a eficácia do tratamento e fazer ajustes conforme necessário.
HIV – Carga Viral Detectável Durante o Tratamento do HIV – O Que Fazer?
Como ainda não há uma cura conhecida para o HIV, a chave para manter uma maior qualidade de vida é a adesão rigorosa ao tratamento, o monitoramento regular e uma resposta rápida a quaisquer sinais de falha terapêutica.
Com a abordagem correta é possível manter a carga viral sob controle e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV. Em caso de dúvidas ou suspeitas, não hesite em contatar seu médico imunologista de confiança.