Sindrome de Haff

Doença da Urina Preta – Síndrome de Haff

Publicado: 21/12/2021


A síndrome de Haff, ou doença da urina preta, foi descrita em 1924 na Europa.

Trata-se de um conjunto de sintomas que podem aparecer em até 24hs após o consumo de alguns tipos de peixe como o tambaqui, badejo, arabaiana ou frutos do mar como a lagosta, lagostim e o camarão.

Podemos dizer então que trata-se de uma intoxicação alimentar.

Doença da Urina Preta – o que é Síndrome de Haff

Esta toxina ainda não foi identificada. Acredita-se que esses animais possam ter se alimentado de algas com certos tipos de toxinas que, consumidas pelo ser humano, provocam os sintomas.

Contudo, a toxina, sem cheiro e sem sabor, surge quando o peixe não é guardado e acondicionado de maneira adequada.

Mesmo o peixe cozido pode transmitir a doença pois o calor não consegue eliminar esta toxina.

Sintomas

  • Astenia,
  • Parestesia de membros inferiores,
  • Dores musculares
  • Dores que aparecem de forma súbita
  • Forte intensidade
  • Cãibras incapacitantes,
  • Iniciam-se na região cervical e vão no sentido caudal: ombros, braços, até as pernas.
  • Náusea
  • Escurecimento da urina

Pode ser um escurecimento leve, que pode chegar a uma urina avermelhada ou provocar até mesmo naquela urina cor de Coca-Cola

O que Causa o Escurecimento da Urina ?

A Toxina causadora da síndrome de Haff causa a destruição das fibras que compõe os músculos do corpo.

O músculo é feito de um tipo de proteína chamada mioglobina, que com a destruição do músculo cai no corrente sanguínea em grande quantidade para ser eliminada do corpo através dos rins.

Ao filtrar este sangue cheio de mioglobina, os rins se sobrecarregam e apresentam esta coloração escura.

Quando a lesão muscular ocorre de forma intensa e há grande quantidade de mioglobina passando pelos rins através do sangue, há uma lesão no rim, causando uma síndrome grave chamada rabdomiólise que pode levar inclusive à insuficiência renal

Evolução Síndrome de Haff

A doença é autolimitada e, na maioria das vezes, os sintomas melhoram a partir de 24 horas, e as dores desaparecem em até 72 horas.

Em casos raros a doença evolui com insuficiência renal e, excepcionalmente, à morte.

Síndrome de Haff  no Brasil

O primeiro relato de um surto de doença de Haff no Brasil ocorreu em 2008, no estado do Amazonas, e foi associado à ingestão de pacu. Não houve óbitos.

De 2016 a 2017, foram relatados mais de 100 casos no estado da Bahia e houve dois óbitos.

Chama a atenção o aumento agudo dos casos entre 2020 e 2021, quando já foram relatados mais de 200 casos nas regiões norte e nordeste do Brasil, em diversos estados, ainda com muito pouco registro de óbitos.

Tratamento

Não existe tratamento específico. O tratamento consiste em:

  • Controle de sintomas com analgésicos comuns e potentes para dores musculares
  • Hidratação vigorosa para proteção renal
  • Acompanhamento laboratorial de perto para monitorização da função renal

Não se deve dar anti-inflamatórios não-hormonais, pois eles podem precipitar insuficiência renal aguda.

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