
Dúvidas sobre Zika, Dengue e Chikungunya
Publicado: 28/02/2016
Publicado: 28/02/2016
Tratam-se de 3 vírus chamados de arbovírus, ou seja, vírus transmitidos por mosquitos.
Esses vírus possuem alguns sintomas mais típicos e que pode nos fazer pensar mais em um que em outro.
Contudo, os sintomas podem ser muito similares entre si.
O quadro apenas não exclui nem confirma nenhuma das 3 infecções.
Eles podem ser transmitidos pelo mesmo mosquito como o Aedes aegypti e o Aedes albopictus.
o Aedes aegypti se encontra espalhado em grande quantidade e em grande parte do território nacional.
É ele que tem maior poder de transmissão atualmente.
O Aedes aegypti também pode transmitir outras doenças virias como a Febre Amarela
A forma mais eficaz de prevenção que temos até o momento é o uso de repelentes para o mosquito.
O mais importante é avaliar em cada repelente o tempo de duração para fazer nova aplicação.
Isso varia para cada produto e vem especificado em cada um.
Sabemos que a hora do dia de maior atividade do mosquito é no amanhecer e no entardecer.
O mosquito não gosta de sol quente.
Essas medidas são ainda mais importante para as gestantes no primeiro trimestre,
Após lavados com água e sabão, eles podem ser usados normalmente, mas não antes disso.
Recomenda-se em caso de suspeita de doença no homem, relações sexuais com preservativo
Os três causam doenças que podem ter sintomas similares como febre, vermelhidão e coceira na pele, dor atrás dos olhos, mal estar geral, dor nas articulações.
Apenas pelos sintomas, não temos como afirmar ou excluir qualquer dos vírus
Apesar de sua apresentação clinica ser semelhante, as possíveis complicações são diferentes.
O que mais nos preocupa na dengue é sua evolução para Dengue hemorrágica.
Isso pode levar a uma hemorragia grave em várias partes do corpo inclusive dentro do cérebro e pulmões e choque.
Este risco aumenta em pessoas que já tiveram Dengue previamente.
A chikungunya, geralmente está associada a dores articulares importante que podem permanecer muito tempo depois da resolução da doença.
Infecções em idosos e bebês pequenos tem uma maior chance de evoluir para quadros graves.
O vírus Zika, parece ter uma atração pelo sistema nervoso.
Estando associado principalmente a microcefalia em bebês que estão em formação, e síndrome de Guillain Barré em adultos (enfraquecimento dos nervos periféricos
Existem dois tipos de teste, os moleculares e os sorológicos.
Os testes moleculares são também chamados de PCR (Reação em Cadeia de Polimerase) ou RNA Viral.
Eles detectam o próprio vírus circulando no sangue ou em outro material analisado como urina, esperma, liquido amniótico etc.
Estes testes devem ser coletados durante a fase de doença em que há uma grande quantidade de vírus no sangue.
Os testes de sorologia detectam os anticorpos que produzimos ao entrar em contato com um determinado vírus.
Eles precisam de algum tempo para serem criados.
Por isso não adianta realizar testes sorológicos muito cedo pois testes negativos nestes casos , não excluem a doença.
Para o vírus Zika estes testes funcionam da seguinte forma:
Em sangue: Deve ser realizado entre 3 e 7 dias do inicio dos sintomas, especialmente no 5º dia.
Na urina, o vírus pode ser encontrado por mais alguns dias;
Os teste disponíveis hoje ficam positivos apenas a partir do 14º dia do inicio dos sintomas.
O grande problema dos testes disponíveis atualmente são as reações cruzadas com outros vírus.
Isso pode levar a um “falso positivo”, o seja, o resultado do teste sai reagente para o vírus Zika mas, mas na verdade, a pessoa teve contato com um outro vírus.
Alguns testes como o realizado na Alemanha são mais específicos, mas com maior custo.
Estamos em fase de desenvolvimento de testes sorológicos mais adequados, que possam ser realizados em grande escala para suprir a demanda e com um menor custo.
Para o vírus Chikungunya, os testes sorológicos de contato recente, chamados IgM costumam ficar reagentes após 5 dias de sintomas , mas podem levar ate 12 dias para isso acontecer.
Os marcadores de contato mais antigo, os IgG, costumam ficar reagentes após 2 semanas do inicio dos sintomas.
Já os testes moleculares de detecção de RNA viral podem ser realizados no sangue já na primeira semana de doença mas geralmente apos 5 dias do inicio dos sintomas a quantidade de vírus circulando no sangue já cai drasticamente.
Os testes de diagnóstico para Chikungunya ainda possuem um alto custo e por isso, são raramente pedidos.
Para o vírus da Dengue, geralmente não utilizamos testes moleculares, pois tem um alto custo e só são sensíveis até o 5º dia de doença, de preferencia até o 3º dia.
Além disso dispomos de vários tipos de sorologias, inclusive para fases mais precoce com uma boa sensibilidade, especificidade e menor custo.
Contudo é necessário uma analise do tempo de e evolução da doença para a escolha adequada do exame.
Os testes rápidos permitem descartar ou confirmar o diagnóstico em um curto espaço de tempo, mas a sorologia especifica para contato agudo, IgM, fica reagente apenas após o 5º dia de doença.
Já o exame de contato mais antigo, o IgG, fica reagente a partir do 9° dia de doença nas primeiras infecções e no primeiro dia no caso de reinfecções.
Atualmente não existe tratamento específico para nenhum desses vírus, o que existe é apenas controle dos sintomas e suporte clinico quando necessário até que o próprio organismo da pessoa combata o vírus e se recupere.
A única das três doenças para a qual já temos vacina é a da Dengue, mas como começou a ser disponibilizada estes ano por apenas um laboratório, outras vacinas para a Dengue ainda estão em estudo e devem ser disponibilizadas em breve.
Já para o Zika, estima-se que uma vacina para ensaios clínicos possa ser desenvolvida ainda este ano, mas para estar pronta para o uso pela população, deve levar pelo menos mais uns 3 anos.
Quando uma pessoa se infecta por um vírus, ela geralmente fica imune àquele exato vírus, mas pode se infectar novamente em caso de contato com cepas diferentes ( é como se o vírus fosse na verdade uma família, e não um individuo, e as cepas dos vírus, fosse cada irmão dessa família).
Para algumas doenças como a dengue, já se sabe que a reinfecção por uma cepa diferente pode facilitar o risco para o desenvolvimento de quadros mais graves como a Dengue hemorrágica.
A microcefalia é caracterizada pelo baixo desenvolvimento do cérebro do bebê que está sendo formado, deixando sua circunferência encefálica (circunferência da cabeça) menor que o normal.
Até agora o que sabemos é que o vírus Zika está associado a uma maior incidência de microcefalia.
Ou seja, a primeira coisa encontrada foi um aumento dos casos de microcefalia em filhos de mães que tiveram suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
A partir daí, começou-se as investigações e foi detectado o vírus Zika no liquido amniótico de bebês com microcefalia, o que mostrava que o vírus pode atravessar a placenta.
Por último, foi estudado o cérebro de um bebê com microcefalia cuja mãe apresentou sintomas de Infecção pelo vírus Zika
no primeiro trimestre da gestação.
O vírus foi detectado no tecido cerebral do bebê e mais em nenhuma outra parte do corpo.
Mostrando que este vírus possui atração pelas células do sistema nervoso, especialmente pelo cérebro nos casos dos bebês.
Com tudo isso, apesar de ainda não sabermos exatamente como isso ocorre, fica muito provável a relação causal entre os bebês infectados pelo vírus Zika durante a gestação e o desenvolvimento de microcefalia.
Como nossa hipótese é de que o vírus ataque o tecido do cérebro fetal em formação, o risco maior para que isso ocorra é se houver uma alta viremia, ou seja, a presença de uma grande quantidade de vírus no sangue da gestante, durante o período em que o bebê está sendo formado.
Isso ocorre nos primeiros 3 meses da gestação. Além disso, o que observamos na pratica confirma essa lógica uma vez que nos casos confirmados de microcefalia fetal, as mães tiveram sintomas da doença durante o primeiro trimestre da gestação.
Se a taxa de viremia no sangue da mãe é alta, ela pode acabar passando o vírus para o bebê a traves da placenta. Até agora, entre os 3 vírus ( Dengue, Chikungunya e Zika) o vírus associado ao fenômeno da microcefalia em bebês foi apenas o vírus Zika.
Existem outras doenças infeciosas que, caso a mãe as tenha durante a gestação, podem sabidamente causar microcefalia em seu bebê como a Rubéola, Toxoplasmose, Citomegalovírus (CMV).
Como não há uma epidemia destas doenças e elas são também vigiadas durante o pré-natal, sua incidência é baixa. O fato é que, até o inicio da epidemia do Zika Vírus, a microcefalia era considerada um evento raro.
O vírus Zika possui este nome devido ao local onde ele foi isolado pela primeira vez. Ele foi isolado em um macaco chamado Rhesus na Floresta Zika na Uganda em 1947.
Durante muitos anos houve apenas relato de casos esporádicos de infecção pelo Zika em humanos no Sudeste da Azia e Africa Sub-sahariana.
Em 2007 houve um surto na Micronesia e em 2013 e 14 uma epidemia na Polinesia francesa e outros países próximos.
Até então a infecção pelo Zika era considerada de evolução mais benigna que a própria Dengue, pois a maioria dos casos conhecidos apresentavam quandro clinico brando.
Apenas em 2015 com a chegada do vírus nas Américas onde encontrou um vetor (nome dado ao animal que transmite a doença), muito bem estabelecido e distribuído que é o mosquito Aedes aegypti, foi que houve um aumento dramático dos casos e começamos a conhecer melhor o vírus e suas prováveis consequências e comportamentos
Como o combate ao mosquito Aedes é nossa principal arma de combate a doença, isso deve ser prioridade para todos nós. Dedicando apenas 10 minutos por semana para revisar toda a casa ou apartamento, podemos salvar vidas, inclusive a de nossas famílias.
Se ficarmos passivos esperando apenas que o governo faça sua parte no combate ao mosquito, só teremos o que perder.
Caso você veja um foco de criação de mosquito no terreno vizinho, ou em qualquer outro lugar, denuncie.
Isso pode ser feito por telefone, e-mail ou até pessoalmente de acordo a cada localidade no Brasil.
A prefeitura de São Paulo vai começar a usar dados de um aplicativo de celular google play e apple store para combater o mosquito da dengue.
E qualquer pessoa já pode denunciar um possível criadouro.
É importante considerarmos que a picada do mosquito contaminado parece não ser a única forma de transmissão do vírus Zika.
O vírus já foi isolado em esperma de homens que viajaram para países endêmicos e que infectaram suas esposas que não tiveram contato com áreas de risco.
Isso nos faz pensar na possibilidade real da via sexual como via de transmissão, parecido ao vírus HIV.
Ainda não sabemos contudo, por quanto tempo o vírus pode permanecer no esperma, se homens que não apresentam sintomas podem transmitir o vírus ou ainda se o vírus pode ser passado pela via sexual da mulher para o homem.
Outra via provável parece ser por gotícula a través da fala de pessoas que tem o vírus circulando no organismo.
Se essa via procede, podemos ter o mesmo raciocínio de outros vírus transmitidos dessa mesma forma que começam a ser transmitidos inclusive alguns dias antes da pessoa portadora iniciar os sintomas.
Além disso temos a possibilidade da transmissão oral pois o vírus foi encontrada em sua forma infectante na saliva.
Ainda assim, para o vírus ser transmitido por via oral ele precisa sobreviver aos ácidos do estomago e passar pelo intestino e isso não é uma característica esperada desse tipo de vírus.
Como ainda temos poucas certezas quanto a este vírus, toda a precaução é bem vinda.
Estou grávida de 12 semanas minha infectologista pediu o exame de zica IgM e o IgG mas o plano de saúde só autorizou fazer o IgM e ele deu não reagente vou precisar voltar na infectologista pra saber se vou precisar ou não fazer o outro exame , a senhora sabe dizer se precisarei? E no exame de chincungunha fiz os dois IgG e IgM e os dois deram reagentes qual procedimento posso tomar???
Não posso emitir critérios em cima apenas de um resultado do exame sem estar te acompanhando pessoalmente.
Você precisa levar os exames para a infectologista que está te acompanhando para que ela, que te conhece e sabe porque pediu estes exames, possa avaliar os resultados e tomar o próximo passo.
O que posso dizer já de antemão é que exames de sorologia, especialmente para a Zika, são muito inespecíficos e não respondem com certeza absoluta a pergunta se a gestante teve ou não contato com o vírus, ainda mais se já estiver sem sintomas. Por isso também não exames indicados para rastreio de contato com vírus em paciente assintomáticas, pois acabam gerando mais angustia, ansiedade e dúvidas que ajudando.